
“Meu Deus, eu não creio
Que tu nos conduzas para onde queres
E que só nos reste deixarmo-nos guiar,
Que tu mandes determinada provação
E que nos reste aceitá-la...” (Pag.61)
“Eu creio que teu espírito de amor,
No coração da nossa vida, nos segreda fielmente, cada dia,
O desejo de teu Pai...” (Pag.65)
Retirei esses fragmentos do livro que estou enviando para vocês, essa não é uma edição atualizada, é como ele diz Novas versões de novos poemas. O livro cuja capa foi encontrada está esgotado, porém uma prima de Fátima vai enviar uma cópia para sua casa.
Gostaria de descrever um pouco o Vicente, dizem que a morte torna todas as pessoas boas. Ele foi alguém, maravilhoso em vida. Irmão dos irmãos, tio dos sobrinhos e cunhado dos cunhados, na mais intensa das proporções. Nunca abandonou ninguém, estava sempre presente, mesmo quando estava distante. Ligava, comunicava-se e unia a todos nós, de um modo que só ele sabia fazer.
Custa-nos, pois, saber que nunca mais isso vai acontecer. Todos os dias, desde o acidente, a saudade nos invade. Sabemos os que crêem que a dor um dia vai passar. Esperamos em Deus que seja logo, visto que o Vicente não combinava com lágrimas, ele era só sorriso e alegria. Vivia a vida com muito bom humor.
Era homem de muita fé, rezava e ia á missa com freqüência habitual, foi seminarista e na mesma medida gostava do profano. Desfilava em várias escolas de samba no Rio de Janeiro agregava, com isso, muitos amigos. Viajava, também com muita assiduidade, na próxima semana iria para a Europa com algumas amigas.
Ele era um amor, suas tias e tios estão sentindo imensamente a falta da assistência que ele dispensava a eles. Seus sobrinhos sentem a falta do tio brincalhão que perturbava e acalentava com uma intensidade inimitável, as primas os primos consideravam-no o irmão, suas cunhadas ficaram viúvas ou órfãs de um homem sem igual. A presença marcante do Vicente é algo muito difícil de administrar, é uma lacuna que a dor está, pelo menos por em quanto, tomando lugar.
A participação de vocês foi fantástica, o apoio que deram para Fátima e para ele foi algo vindo de Deus. Foram anjos que deram passagem para outro anjo. Agradecemos a Ele todos os dias pelas pessoas boas que são. Sem dúvida alguma Vicente merecia isso na passagem da vida para a morte. Quem tanto fez nessa vida de extraordinário, teria que achar alguém com um coração bom como o de vocês.
Algum dia em algum lugar nós todos, como família teremos a oportunidade de dizer esse “muito obrigado por tudo” mais de perto. Enquanto esse momento não chega, aceitem a nossa gratidão convertida em preces, para que o Senhor conceda a Sua Benção para a sua família, que as glórias da paz e da saúde sejam constantes em suas vidas. Vicente fez amigos até nos seus últimos momentos, certamente deve está a alegrando o céu com suas tiradas e felicidade contagiantes. Se o Pai precisou dele, só nos resta aceitar e enfrentar os dias sem ele.
Fátima , a quem eu chamo Emília, sentiu-se acolhida na casa de vocês, contou-me que seu filho deu-lhe o quarto, e que tiveram muitos cuidados com ela. Se Deus tirou-nos o Vicente, concedeu-nos também a graça de deixar-nos Fátima. Para ela foi um golpe mais duro ainda. Longe de todos os outros sentiu em vocês o apoio necessário para continuar sua missão. Por isso também damos louvores, por ter permitido que ela ficasse conosco.
Ela está bem e retomando a vida, o trabalho e planeja assim como os demais perpetuar a alegria do irmão. Sabemos que não temos o direito de deixar que essa forma de viver que ele tanto cuidou se desfaça. Vamos em frente levando na fé a vida que o Senhor nos reservou.
Fica aqui o convite para visitarem Vitória, Brasília, Natal, o Piauí, ou onde mais houver lugar em que tenha parentes ou amigos de Vicente. Sintam-se parte dessa grande família que ele reuniu durante o tempo em que aqui esteve. Caso haja algo que possamos fazer por vocês um dia, será com enorme prazer que o faremos.
Grandes beijos nas crianças e em especial para vocês.
Com muito carinho e eterna gratidão.
Lúcia Helena
PS. Vicente, não sei bem porque, chamava-me madrinha, sou cunhada dele e de Fátima, porém acho um parentesco longe demais se comparado ao amor que tenho pela família. Portanto sou também irmã, viúva, órfã e estou com muita saudade dele.
Vitória, 11 de julho de 2008
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