quarta-feira, 30 de julho de 2008

“Hoje todos nós estamos nos sentindo órfãos”, foi a frase que mais me tocou das muitas mensagens faladas no enterro do meu Tio. “O Vivi é uma pessoa iluminada”, eu costumava dizer para quem não o conhecia. E depois que passavam a conhecê-lo sempre vinham as confirmações. Onde ele estava, roubava a cena, literalmente. Fora ele, nunca vi alguém ser tão querido em tão pouco tempo. Rapidinho ele conquistava as pessoas com a sua alegria, e aí, era mais um filho que ele ganhava. Já vi até mesmo pessoas que não o conheciam, passarem a admirá-lo. Falo filho, porque filho em nossa sociedade é aquela pessoa mais valorizada em nossa vida. E ele tinha o dom de amar, satisfatoriamente igual, cada um, mesmo com suas diferenças e principalmente com seus defeitos, que é o mais difícil. Essa é a arte de amar, que ele colocava em prática com uma facilidade impressionante. Aliás, nunca conheci, e talvez nunca conheça, alguém que soubesse traduzir em ações tão bem a palavra “amigo”, que nem ele. Num determinado momento da minha vida, o Vivi foi fundamental e me apeguei a ele de uma forma que achava que cada coisa que eu fizesse ou dissesse pra ele seriam únicas, mas fui percebendo que tudo aquilo que eu tava sentindo era normal na vida dele. Assim como eu, várias pessoas eram tão gratas a ele, que o amavam como se ama um pai. E, mesmo assim, não deixavam de ser únicas para ele. Cada elogio, cada sentimento era recebido como se único fosse. Por tudo o que ele foi é que eu digo, não para não chorarmos, porque diante da situação é impossível, mas que o mais importante no momento é a gente colocar as idéias no lugar e tentar ser e praticar tudo aquilo que aprendemos com ele, porque assim, o manteremos vivo, de certa forma. E se nós somos os filhos que ele deixou, a grande família que ele criou, quem melhor do que nós para fazer isso? Então, a nossa herança são dois ensinamentos: ser amigo e ser feliz, o que ele foi até o último momento.

Luísa Reis

Brasília, jun 2008

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